sexta-feira, 14 de março de 2008

Cuidado. A Telefônica pode transformá-lo numa barata!

Sem concorrência, a Telefônica se supera na falta de respeito. E leva os assinantes a se sentirem como legítimos personagens de Franz Kafka. No livro “A Metamorfose”, quando Gregor Samsa acorda, verifica que virou uma barata! Joseph K., no romance “O Processo”, do mesmo autor, é preso e condenado sem saber o porquê.

No mês de novembro, metade do qual passei hospitalizada, a Telefônica me apresentou uma fatura de valor superior a mil reais... Pedi a uma empresa especializada em auditoria de contas telefônicas para verificar a minha, item por item. Mas, para não ficar sem o serviço, concordei em pagar, solicitando, porém, o parcelamento. Mais de dois meses depois, no fechamento desta primeira edição de VIVA-VOZ, as faturas ainda não haviam chegado. E eu não conseguia baixá-las da Internet: o site da Telefônica não funciona! Por que não vou a uma loja da Telefônica? Porque não existem lojas da Telefônica para esse tipo de atendimento! E a Anatel deixa que não existam... Se você não resolver pelo telefone ou pela Internet, dançou...

Sem acesso às parcelas, não tive como pagar. Por falta de pagamento, meu telefone foi cortado por três vezes... Nas três ocasiões, o serviço se restabeleceu apenas quando recorri à assessoria de imprensa e mandei e-mails diretamente para os diretores da Telefônica. Aí fica aquela pergunta que não quer calar: o que faz o cidadão sem ninguém capaz de socorrê-lo? Em vez de me deixar feliz, a deferência me irrita ainda mais.

Suprema loucura? Descobri que quem pede parcelamento fica impedido de ligar para celulares e fazer interurbanos, coisa que, definitivamente, ninguém lhe conta, quando você faz a solicitação. É isso: parcelamento é coisa de pobre. E pobre... já sabe... pau nele!

Paciente renal com graves complicações, de vez em quando, tenho de falar com meus médicos pelo celular. Assim, pedi que suspendessem a restrição, inclusive porque, sem ter recebido as faturas, o acordo de parcelamento não chegara a se configurar. Qual não foi a minha surpresa! Na Central de Atendimento a Clientes, a atendente, uma debochada cheia dos usuais gerundismos, disse que não era possível “estar voltando” atrás, porque, afinal, eu já pagara, dia 28 de fevereiro, a primeira parcela! “Mas... como, se eu não recebi nenhuma fatura? Dia 28 de fevereiro, eu só paguei a fatura do mês, de 490 reais”, rebati. Ela, em tom irônico, insistiu que sim, que eu pagara a primeira parcela do acordo e... devia estar “confusa”. Quando comecei a esbravejar, a moçoila desligou!

Semana passada, a Telefônica deixou um recado no correio de voz do meu celular, confessando que houve, sim, um engano no parcelamento. Para compensar, iria deduzir a quantia da primeira parcela do valor que eu pagara, dia 28 de fevereiro, relativo à fatura mensal. A segunda parcela, a caminho, eles juram, eu só pagaria no dia 27 de março. E quanto aos 80% da fatura normal de fevereiro?, você perguntará. Estou perdoada! Acredite! Melhor: como a quantia paga era superior à da parcela, eu teria um saldo de cerca de 190 reais, a ser descontado no total “devido”. Mas continuo sem poder ligar para celulares ou números fora de São Paulo, capital. Parcelamento é coisa de pobre... E pobre... já sabe... pau nele!

Socorro! Eu virei uma barata!

Escuro, Morta e TIMganei...

Os nomes com os quais os brasileiros rebatizaram, respectivamente, Claro, Vivo e TIM estão perfeitos... Hoje, no Brasil de 180 milhões de habitantes, os celulares habilitados somam cerca de 120 milhões. Desses, mais ou menos 80% são pré-pagos, “coisas de pobre” e que, por isso mesmo, não funcionam direito. Pra quê, não é? Aos clientes pré-pagos só resta aceitar a afronta das campanhas publicitárias convidando-os a "migrar" para a terceira geração dos celulares... a tecnologia 3G... Se com ela os telefones falarem...

Em São Paulo, capital, e pelo Brasil afora, nas comunidades pobres, os usuários de celulares pré-pagos convivem com a falta de sinal. E não dispõem sequer de lojas da Claro, TIM ou Vivo às quais possam recorrer para resolver problemas técnicos. “Nem Claro, nem Escuro. Nem Vivo, nem Morto...”, diz a bem-humorada e justa reclamação estampada no blog do poeta Sérgio Vaz, criador da Cooperifa (http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/), plantada no coração da populosa comunidade de Piraporinha.

Você mora em São Paulo e tem celular pré-pago? Quando visitar o Rio de Janeiro, experimente ligar para casa? Se conseguir, ganha, como prêmio, o suficiente para comprar Claro, TIM e Vivo só pra ter o prazer de botar fogo...

Minha filha mora no Rio de Janeiro. No fechamento desta edição de VIVA-VOZ, estava aqui, em São Paulo, com o telefone TIM carregado e ligadinho, ao meu lado. Eu, do meu pré-pago, igualmente TIM, experimentei chamar o número dela. Resposta: “Esse número de telefone está programado para não receber ligações”... Minha filha, ligando do telefone dela para o meu, teve a mesma resposta. Pobre não precisa fazer roaming... Inaceitável!

No ranking da incompetência publicado pela Anatel, em telefonia móvel, no mês de janeiro passado, a liderança absoluta coube à CTBC, ou Triângulo Celular, seguida da TIM, em segundo lugar. A única empresa sobre a qual não pesava sequer uma reclamação era a gaúcha Sercomtel Celular, situação que durava quase um ano! Prova de que é possível, sim, tratar os clientes com respeito.

TV por assinatura. Quando chove...

Quem é que viu aquela peça de teatro “Se chovesse, vocês estragavam todos”, crítica contundente aos tempos de ditadura militar, escrita por Clóvis Levi e Tânia Pacheco? O título serve como uma luva à Telefônica TV Digital.

A espanhola comprou a TVA, que, bem ou mal, funcionava. Hoje, com a Telefônica TV Digital, vende um serviço que sai do ar sempre que chove mais forte. Não dá nem pra dizer que se trata de sistema à base cabos, eventualmente prejudicados pela água da chuva. A Telefônica TV Digital é operada por satélite... Pode? Quem é que pode com uma TV por assinatura que sai do ar cada vez que chove? Fala sério!

Mas... acontece comigo! Dia 26 de fevereiro, uma terça-feira, comprei o Trio Telefônica, pacote que embala telefone+Internet+TV por assinatura. A Internet, uma hora depois, já rodava à velocidade de 1 Megabyte, mas ainda incrivelmente lenta nos horários de pico... A TV a cabo só chegou em 11 de março, 14 dias depois de feita a adesão (a empresa marcou a instalação para uma semana depois, mas não veio e remarcou...). No fechamento desta edição de VIVA-VOZ, dois dias depois de a TV por assinatura ter sido ativada, eu conseguira assistir à programação por apenas oito horas, se tanto...

Dia de chuva, você quer ficar em casa namorando... Aí, reúne o kit libido: namorado, cobertor, pipoca e... filmes do Telecine... Mas... cadê? A Telefônica, que estraga com a chuva, decide aguar o seu programa... Só quero ver se a fatura virá sem o desconto dos dias em que não havia sinal, como é o meu, o seu, o nosso direito...

Em tempo: a Telefônica me vendeu o Trio por um preço bem superior ao cobrado dos novos clientes. A exemplo do que fazem quase todas as operadoras, de telefonia, acesso à Internet ou TV por assinatura, aos novos clientes, tudo, aos antigos... pau neles!

Pior do que roubar e não carregar é vender e não entregar. Pergunte à NET Combo... Skavuska!

Você não vai acreditar! Logo assim que a Embratel comprou a NET, veio com tudo para São Paulo (claro: este é o maior mercado de consumo da América Latina...). Eu, como todo cristão e não-cristão residente em Sampa, doida pra ver a Telefônica pela costas, pensei em comprar o tal pacote. E comprei! Instalaram a TV a cabo e, pasme!, não puderam ativar o sistema de acesso à Internet por falta de infra-estrutura no meu bairro! Pode? No Brás, a NET Combo vende e não entrega! Skavuska!

Pobre Brás, já tão humilhado pelas empresas de supermercados, que esnobam um dos bairros mais tradicionais e populosos da cidade. Pobre Brás, sem hospitais, praças, escolas, policiamento, iluminação e transporte coletivo decente... Pobre Brás onde o Itaú, na agência da Rangel Pestana, fecha os caixas eletrônicos às 16h e 30min, com medo de assaltos... Aqui só tem ladrão... Pior só nos bairros da periferia. Lá, não há caixas eletrônicos do Itaú e nem de qualquer outro banco... Pobre Brás, alvo do calote da NET Combo... Skavuska! Pobre Brasil, refém das empresas de TV por assinatura...

Mas... pensando bem... foi melhor assim. A Telefônica é o fim do resto. Mas a NET pode ser ainda pior: em alguns lugares, se funciona o telefone, não funciona a Internet; se funciona a Internet, não funciona o telefone... Já pensou?

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Lucia!
Até ler este blog eu não sabia....Mas na semana passada eu fiu uma barata..que ficou uma semana sem telefone....motivo "a chuva"
Parabens!!! ...passarei por aqui sempre!!!
Bjs, Renata

Lucia Helena Corrêa disse...

Renata,
é um prazer tê-la como leitora e, mais, ainda, saber que estamos sendo porta-vozes da sua indignação, que, tenha a mais plena certeza, é a de 180 milhões de brasileiros, insatisfeitos com os serviços de telecomunicações. Estaremos sempre aqui, à sua disposição.

Somente uma inconformada no Brasil? disse...

olá, minha cara, meu nome é Liliane Julia do Nascimento, e hoje dia 25/02/2009 sou mais uma afetada e indignada com a empresa Telefonica. Me vendem uma tv que nao funciona em dia de chuva e ainda tem a cara de pau de dizer que isto "está no contrato". É UM DESAFORO!! O que podemos fazer juntas para acabar com essa falta de respeito? Acabei aceitando( por falta de opção)um desconto de 25% por 6 meses. Mas isso não paga a afronta e a lesão que sofremos todos os dias com estes falastrões e patrocinadores da politica, Parlamento e EMISSORAS DE TV. Me sinto um Davi luntando contra um Golias!!Áté chorei de raiva!!!Abraços

Unknown disse...

Sorocaba,

A telefônica não é uma empresa de telefonia, mas com certeza é uma industria de transformação:
"transforma pessoas comuns em verdadeiros palhaços"

Meu irmão comprou uma linha popular, a telefônica lhe deu um numero, mas também deu o mesmo numero para outro cliente no mesmo
bairro, quando eu ligo, o Sr. Carlos, que eu não conheço, atende e pedi para eu ligar novamente, para ver se cai no meu irmão. O Sr. Carlos ligou na telefônica e lhe disseram que meu irmão é quem precisa ligar para resolver o problema, que foi criado por eles mesmos.
Outro fato que me deixa muito revoltado:
Ligo na telefônica, peço um pacote e me respondem com a maior cara de pau: "Esse pacote é só para clientes novos".