quarta-feira, 7 de abril de 2010







Cristo, salvai o meu Rio de Janeiro!



Às vezes por orgulho, plenamente justificável, outras vezes somente para afrontar os mortos de inveja – esses que me julgam mal somente porque tenho o privilégio de ser carioca –, às vezes, quando alguém me questiona (Você é carioca, é?), eu respondo “Sim, modéstia à parte”!
Há, nessa frase muito mais do que ironia. Há, isso sim, uma prece, subliminar, de agradecimento a Olorum pelo fato de ter-me escolhido, entre milhares de outras criaturas, para nascer, crescer, viver e amar o Rio de Janeiro. E eu amo, sim, o meu Rio de Janeiro! E não apenas pela beleza, de dar nó no coração e na garganta dos passantes mais desatentos...
O Rio de Janeiro merece ser amado pela bravura de uma cidade que, desde que Dom João VI se foi, de volta para Portugal, nunca mais teve quem fizesse tanto por ela... Depois dele, veio o filho, que, além de cortejar todas as belas mulheres da Corte, pretendeu fazer a Independência no grito... Deu no que deu: até hoje, nada de independência de fato! Muito tempo depois, o Rio de Janeiro, perdeu o status de capital da República e, antes mesmo que se pudesse recompor (isso nunca aconteceu...), veio a fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro. Somados e multiplicados os problemas, a cidade ficou ainda mais desamparada.
Antes dos temporais, choveu Brizolas e Garotinhos... Ou seriam Molequinhos? A contravenção do jogo do bicho, que, pelo menos, respeitava a ética, por mais estranha e fora de moda – de não viciar crianças e jovens –, deu lugar ao crime organizado a serviço do tráfico... da violência explícita.
E, agora, a ira das chuvas, ajudada pela conspiração, o desmazelo, a falta de capricho e de vergonha dos governantes. A natureza, de mal com a gente, com toda razão, aliás, parece não fazer questão alguma de entender o que Tom Jobim quis dizer, quando cantou “as águas de março fechando o verão”.
Já houve quem dissesse que “Deus fez o Rio de Janeiro e avisou: Agora, é com vocês”. E lá se foi, sem mais olhar para trás... Não acredito. Quero crer, preciso crer que Deus ainda vive por lá. Depois de criar a maravilha das maravilhas, por ela apaixonou-se... e não pôde mais ir embora. Lá está o Rendentor. Com certeza, Deus petrificado, disfarçado... pra evitar a fila de pedintes... Imagine se as pessoas percebem que Ele está ali, disponível, todo ouvidos!
Cristo, salvai o meu Rio de Janeiro!
O Rio de Janeiro merece ser protegido...

Amém!