domingo, 29 de março de 2009

De loucura... e de poesia...

... às vezes, só mesmo a poesia,
nua, crua, brutal e dura...
sem papas na língua nem anestesia...
às vezes, só mesmo a poesia,
para nos livrar da loucura...

Lá vai a primeira...

Meus amores,
a idade nos tira algumas coisas e nos faz aderir aos óculos. Mas... estranhamente, a gente começa a enxergar aquilo que era invisível aos olhos e à alma quando se tinha uns poucos anos... E eu fiquei ainda mais atrevida. Quem quiser que experimente...

Outro dia, puta da vida, porque tive de passar o dia inteiro no Incor, no limite da paciência, um daqueles médicos que pensam que são o próprio Deus (mas são tão competentes que só fazem apertar o botão da máquina do ecocardiograma e ainda erram...) se vira para mim e ataca: "Titia, até que, para quem está tão doente, a senhora está com uma bela aparência," disse ele, referindo-se ao meu batom e à minha altivez, que veio no DNA (fazer o quê?)... Logo depois, em alto e bom som, ainda na antessala, me perguntou que idade eu tinha. "Esqueci. A velhice roeu a minha memória...", respondi já sacudindo o chocalho. E não teve F da P que me fizesse declarar a minha idade...

Quando sai dali, estava pronto, na cabeça, o poema que eu vou entregar a ele no mês que vem, quando se repetem os exames pré-transplante de rim...

Aos 60,
já fiquei invisível,
para a maioria dos machos
Não tem mais batom vermelho que dê jeito...
Diacho!
Mas... quer saber?
Azar é do macho!
Ao sessenta, longe de ser anciã,
anseio...
LHC. Estado civil? Apaixonada!
Em vez de sexagenária,
sexoagenária...
Azar o dele, se a ficha não caiu...
E, antes que eu me esqueça,
tia é a vó! E vovó é a puta que o pariu!

P.S.: Se preparem que vem aí a minha festa de 60 anos. Vai dar no jornal!


Lá vai a segunda
(para Léo...)
Coisas do amor... e da tecnologia

Que sorte, meu amor! Que sorte!
Imagine: logo eu, rato de Internet,
não vi aquele seu e-mail...
aquele no qual você diz que não me ama,
reclama, reclama e ainda me chama de feio...
Assim... sem mais nem aquela...
sem anestesia e sem afago.
Que sorte, meu amor! Que sorte,
porque, veja só: se eu leio,
nossa! ia ser um estrago...
Sem você sou o rascunho de mim mesmo...
Uma viagem que fica no meio...

Ainda bem que a mensagem não veio...


LHC, a mulher-sigla
Se beber, não escreva. E nem leia!