quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Animal em extinção
Não me olhe assim...
sou do tempo do pique-bandeirinha,
dos pardais e rolinhas.
Sem susto, eles escalavam minha rua a pé.
Se um voava, outra vinha.
Gostoso era pegá-los nas armadilhas
caixas de sapato, vara de bambu e barbante.
Brinquedo barato, o passarinho, pulsando ali,
na mão, me ensinava, no breve instante,
o rico e eterno mistério da vida...
Sou do tempo das borboletas,
dos gafanhotos, das pererecas e da esperança,
saltando no verde do meu quintal...
Sou do tempo em que manga com leite era veneno.
Mas não matava.
Sou do tempo em que muito menos se matava.
Nem o prazer, sem a AIDS, era mortal...
Sou do tempo em que havia príncipes e princesas.
Tempo em que eu mesma, menina, vivia coroada...
Sou do tempo em que pensava ser amada. E era...
Sou do tempo da delicadeza,
das promessas cumpridas... da felicidade.
Ah! Que boa época era aquela...
São Paulo, 31 de agosto de 2010.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário